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Você lembra dos sonhos que trazia com você no seu primeiro dia de aula?

Qual era o tamanho do medo? Da expectativa?

Como era o olhar da sua primeira professora?

E o olhar da sua mãe, que sensação lhe causava?

Ainda lembra?

E o do seu pai?

Sentia que seu amor conseguia chegar até eles?

E seu filho, com lhe olha? Seu sobrinho, irmão mais novo, aluno?

Você tem ideia da sensação que o seu olhar lhes causa?

Consegue sentir todo o peso do seu amor chegando até você?

Muitas vezes, sinto-me acometida de uma sensação de saudade de um não sei muito bem o quê.

Lembro-me de, algumas vezes, enquanto criança, estar brincando e, de repente, sentir uma saudade imensa da minha mãe, do seu amor, seu aconchego. Era como se, num lampejo de futuro, eu experimentasse a sensação de sentir-me adulta e não tê-la mais por perto. Então, eu largava o que estava fazendo e ia correndo procurar os seus braços, seu abraço, seu carinho. Era como se, com aquele gesto, eu pudesse reter o tempo e guardar em cada célula do meu ser a sensação de tê-la pra sempre junto a mim.

Hoje, já transcorridos mais de 50 anos, volta e meia, ainda tenho o impulso de correr para o seu colo, sentindo seu cheiro reconfortante e seu calor de mãe. Contudo, minha querida velhinha já há tempos viajou pra outro plano. Mas acho que deu certo, porque eu me concentro e lembro como se fosse hoje da sensação do seu colo amoroso, mesmo que ela, naquela época, provavelmente não soubesse do tanto de saudades antecipadas que a presença dela me causava.

Quando comecei a estudar Constelações Familiares e me familiarizar com a maneira de Bert Hellinger se expressar, o termo “tomar a mãe” fez todo sentido pra mim. Imediatamente, me reportei àqueles momentos e percebi, com comovida gratidão, que aquilo que eu fazia, nada mais era do que tomar a minha mãe. E eu o fazia em doses homeopáticas, entre uma brincadeira e outra, dia após dia da minha tenra infância. Enquanto ela, com seu jeito simples e despojado de ser, parava tudo o que estava fazendo e me dava aquele colo tão importante pra mim, ofertando-se, de forma generosa e plena, pra que eu a pudesse tomar por inteira.

Quando eu nasci, ela não pode me amamentar por problemas de saúde, mas esta doce mulher, por não ter podido me oferecer o seu leite, ofereceu-se na inteireza do seu amor.

Naquela época, eu nem sonhava que pudesse ser diferente, que pudessem existir crianças sem o convívio de suas mães, nem mães impossibilitadas de se doarem de forma tão intensa a seus filhos.

À medida que fui crescendo, fui compreendendo o quanto é diverso este nosso mundão… quantos destinos… quantas histórias…

Penso que talvez, tenha sido isto que me motivou a buscar este ofício de trabalhar com pessoas procurando dar a minha parcela de contribuição pra que se sintam mais em paz e reconciliadas com suas famílias. Depois de tantos estudos e atendimentos, fui descobrindo o grande amor que encobre, muitas vezes, as relações tumultuadas e desgastantes. Fui vendo o amor de uma mãe que, muito embora tenha tido que sobreviver do seu jeito, busca dar o que tem ao seu filho, mesmo que, aos olhos de quem vê de fora, pareça algumas vezes, pouco ou ruim.

Talvez alguns até achem este sentimento ingênuo, mas se pudermos ampliar nossa percepção um tantinho mais, talvez consigamos elevar nossas consciências a um nível de expansão que nos faça sentir que tudo é como é, embora ainda não entendamos.

Compreendi que uma mãe que não conseguiu se vincular a sua própria mãe, ou seja, tomar esta mãe, simplesmente não sabe como fazê-lo com seu filho e, muitas vezes, o que lhe resta é abandoná-lo pra que ele tenha onde encontrar este vínculo. Ao chegar a esta compreensão, fruto de muito estudo e vivência, senti meu coração crescer em amor a todas as mães e pude chegar a ver que, realmente, todas as mães são boas, embora às vezes não pareça.


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