
Este exercício foi feito com base no momento vivido à época das e
Estudávamos os grandes movimentos da história num texto onde Hellinger fala do bem e do mal. Então, após a leitura do texto, pegamos 3 papeizinhos, num, escrito Direita, noutro, Esquerda e noutro, Brasil.
Cada um pegou um papelzinho sem saber o que continha, colocou no bolso e entrou no campo
e se deixou levar pelos movimentos fenomenológicos. Denominarei como B o representante do Brasil, D Direita e E esquerda.
Ao entrarem no campo, a D imediatamente colocou-se no meio, entre a E e o B, que estavam
frente a frente. Num segundo movimento, o Brasil foi para trás da direita apoiando suas costas
na dela. A Direita começou a olhar para o chão e a Esquerda tentava puxar o Brasil para perto
de si e tirá-lo de trás da Direita. Como o Brasil não se movesse, a Esquerda desequilibrou-se
um pouco e deu uns dois passos para trás. A Direita mostrou-se incomodada com aquela
situação. O Brasil afastou-se um pouco, olhou para a esquerda e voltou a encostar-se nas
costas da Direita que demonstrava inquietude, assim com a Esquerda. A Direita e a Esquerda
olham-se e o Brasil olha para o chão e logo em seguida cai, permanecendo deitado de bruços e
de olhos fechados. Direita e Esquerda olham para o Brasil com uma atitude de quem não sabe
muito bem o que fazer. A Esquerda, ora olha para o Brasil, ora olha para a Direita que
permanece com o seu olhar em direção ao Brasil. Volta e meia ela seca uma lágrima. Após
alguns instantes, ela recua dois passos para trás e, com isto, o Brasil começa a se erguer.
Engatinha e fica de frente para os dois que olham para ele.
Então, a Direita vira-se de lado e olha para o chão, cerra os punhos e oscila para frente e para
trás. O Brasil olha para ela e a Esquerda olha para o Brasil. Assim permanecem por um longo
tempo, até que o Brasil se levanta e tenta se aproximar da Direita quando é impedido pela
Esquerda. O Brasil empurra a Direita mais pra fora, recua e tenta se aproximar novamente,
mas a Esquerda não deixa, criando-se uma espécie de dança em que o Brasil tenta passar por
um lado e por outro tentando romper o cerco da Esquerda. Isto dura um bom tempo e,
enquanto isto, a Direita vai se aproximando por trás e se coloca de frente pra eles olhando pro
chão. A Esquerda solta um suspiro forte, olha pro chão, olha pro Brasil e, quando olha
novamente pra Direita, o Brasil aproveita o momento e passa por trás dela e aproxima-se da
Direita e olha pra ela bem de perto. A Direita demonstra estar angustiada, sofrendo e
dividindo o seu olhar entre a Esquerda e o Brasil. Então ela recua, se vira e fica ao lado do
Brasil, formando assim um alinhamento com o Brasil ao centro e a Direita a sua esquerda e a
Esquerda a sua direita. Todos olham pro chão, então a consteladora coloca três almofadas
simbolizando os mortos de cada um. Num primeiro momento, todos olham para o chão,
depois a Esquerda olha para o Brasil que, aos poucos, vai olhando pra ela enquanto a Direita
continua olhando para os mortos. A Esquerda se desequilibra e dá um passo para trás, abrindo
espaço para o Brasil contornar os mortos e parar do outro lado diante deles. Com este
movimento, a Direita também se ajoelha diante de um dos mortos e chora. A Esquerda recua
mais um pouco. Na sequência, o Brasil também se ajoelha em frente a um deles e olha para a
Esquerda. A Direita olha para a Esquerda e novamente fixa seu olhar no morto. A Esquerda
balança o corpo pra frente e pra trás de braços cruzados, num movimento que lembra
impaciência. O movimento vai num crescendo, enquanto o Brasil se deita sobre um dos
mortos e a Direita seca as lágrimas e continua olhando para os mortos. O Brasil, ainda deitado,
estendo o braço num movimento que abarca todos os mortos e fecha os olhos. A Esquerda
recua e estende os braços num movimento de reverência e o Brasil levanta aos poucos, passa
entre os dois olhando-os e depois vai se afastando até sair do campo.
Esquerda e Direita, agora sós, olham-se enquanto a Direita seca as lágrimas, vai se levantando
e coloca-se de frente para a Esquerda a uma certa distância. A Esquerda se abraça como se
buscasse um conforto e vai curvando o corpo fazendo uma espécie de reverência à Direita que
a observa com as mãos unidas na altura do baixo ventre. Depois, a Esquerda retorna à posição
original e a Direita baixa as mãos e ambos continuam a olharem-se.
Assim, ambos olham para o lugar onde está o representante do Brasil, que já não está mais
presente no campo e a Esquerda lhe estende a mão, chamando-o. Mas como ele não vai, ela
desiste. Então, Direita e Esquerda voltam a se olhar, a Esquerda dá dois passos para trás
enquanto a Direita novamente seca uma lágrima, até que a Esquerda vai se ajoelhando,
prostrando-se diante da Direita e dando um longo suspiro. A Direita observa parecendo estar
bem tocada pelo gesto, dando uma leve desequilibrada para trás. Depois de um tempo, a
Esquerda ergue a cabeça e ambos se olham novamente por um longo tempo até que a
Esquerda se levanta, sacode o corpo e recua enquanto a Direita lentamente vai se virando na
direção do Brasil e dirige seu olhar para algo distante.
Observações:
A representante do Brasil e da Esquerda todo tempo achavam que a Direita era o Brasil.
Brasil – Eu achava que era a Esquerda e me sentia uma criança e sentia a Esquerda como a
mãe.
Esquerda- Concorda e diz que sentia a Direita como um velho, muito velho.
Direita- Eu tinha a necessidade de estar junto dos mortos. Não conseguia arredar o pé dali.
Esquerda- Fiquei muito incomodada quando o Brasil ficou escorado na Direita. Fiquei muito
incomodada quando tu tentaste me puxar.
Brasil- Eu queria que tu viesses junto mas eu não queria te olhar. Eu tinha necessidade de ficar
escorada (na Direita) mas me era extremamente desagradável. Tudo teu me era desagradável:
a energia, a respiração… tudo…tudo… Mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia me separar.
Eu queria me livrar, mas era atraída por ti.
Esquerda- Naquele primeiro movimento, quando tu ficaste escorada (Brasil), a vontade que eu
tinha era de dar um passo atrás, recuar.
Brasil- Quando eu fiquei deitado, me senti um pouco mais relaxada mas, ao mesmo tempo, a
presença de vocês me dava muito medo. Eu sentia a presença de um grande perigo. Quando
eu abri os olhos, vi que vocês estavam mais longe, mas a minha percepção era de que vocês
estavam muito perto.
Esquerda- Quando tu tentaste te aproximar dele (Direita) eu sabia que tinha que impedir de
qualquer jeito.
Brasil- Na verdade, eu queria brincar com ele, porque ele (Direita) parecia uma estátua grega,
naquela posição que não ia nem pra frente nem pra trás. Queria correr com ele, brincar. Mas
como ela (Esquerda) não deixasse, eu queria brincar com ela e comecei a fazer o movimento
com ela. Foi quando ela se distraiu e tu vieste. Então eu me desconcertei, porque tu já estavas
aqui.
Esquerda- O momento em que eu me senti mais cômoda foi quando estávamos os três
alinhados diante dos mortos.
Direita- Eu também.
Brasil- Quando a Direita estava do meu lado esquerdo e a Esquerda do meu lado direito, me
deu uma sensação boa. Quando tu ajoelhaste (Direita) eu estendi a mão porque eu queria que
tu pegasses na minha mão.
Direita- É … Eu queria, mas não conseguia.
Esquerda- Ali foi muito estranho. Senti algo muito grande, muito além daquele espaço. Veio-
me um movimento totalmente involuntário de braços.
Brasil- Naquele momento eu consegui te olhar diferente e vi o teu tamanho. Ali eu tive
vontade de te reverenciar.
Depois que eu te reverenciei, eu saí, não estava mais. O Brasil se retirou. Tanto que houve um
momento em que tu estendeste o braço pra mim, mas eu já não estava mais ali.
Direita- No começo, me chamou muita atenção de andar contigo. Mas, quando tu foste pra lá,
eu não queria mais olhar.
Esquerda- Quando o Brasil se retirou, tu cresceste (Direita), ficaste forte e eu perdi toda a
força. Perdeu a sensação que eu tinha de velho, renovou-se. Aí eu precisei me curvar, perdi a
força e desmoronei. Mas depois eu levanto de novo e estabiliza.
Brasil- Então, teve um momento em que tu olhaste pra longe.
Direita- Eu olhava pra algo entre vocês.
Brasil- Eu estava fora, mas mesmo assim, naquele momento, me veio um sentimento de
respeito para o lugar pra onde tu olhavas. “Ele olha pra algo que nós não estamos vendo” foi o
pensamento que me veio.
Direita- Mas isso só foi possível em função do movimento, porque quando eu estava abaixado
e olhava pra ela, pensava: “Ela é imensa!” E tinha uma expressão dura. Mas quando ela
reverenciou, eu amoleci, vi que era frágil.
Brasil- Em nenhum momento eu pensei que eu fosse o Brasil. Então, isso, em relação ao Brasil,
está mostrando alguma coisa.
Direita- O Brasil não se reconhece.
(Todos acharam que a Direita era o Brasil).
A consteladora conclui convidando para fazer uma reverência a este nosso Brasil, a esta terra
por onde andamos, onde crescemos, onde nossos antepassados pisaram, plantaram,
colheram, cresceram, morreram e tornaram a nascer… Assim como nós também ocupamos o
nosso lugar nesta terra, ficamos o tempo que for preciso e novamente voltamos a ela.
Gratidão, Brasil, pela tua grandeza! Aos poucos eu encontro o meu lugar neste chão. Agora eu
olho pra Esquerda, e te agradeço por tudo, o ruim e o bom, o difícil e o fácil e te dou um bom
lugar no meu coração. Percebendo o efeito que isso causa dentro de mim. Agora eu vejo que
tu também fazes parte. Agora eu olho pra Direita e da mesma maneira agradeço por tudo, o
que doeu e o que trouxe paz e, aos poucos, eu te vejo e vejo o lugar que ocupas. Aos poucos
eu também te dou um bom lugar no meu coração. Respira e percebe o efeito que isso causa
dentro de ti.
Agora eu te entrego, Brasil, aquilo que indevidamente eu pensei que era meu e deixo que o
tempo e a vida siga seu curso e, aos poucos, eu encontro o meu lugar dentro disso tudo.
Todos, de alguma maneira, pagaram o preço para que eu pudesse estar aqui hoje.
Com o tempo, eu dou um lugar pra cada um de vocês no meu coração.
Respirando e sentindo o sol que nos ilumina, dia e noite, dia após dia, ano após ano, década
após década, milênio após milênio… Eu agradeço, grande luz, e me entrego a ti e, aos poucos,
eu concordo com tudo do jeito que é…
Setembro de 2018 Estudávamos os grandes movimentos da história num texto onde Hellinger fala do bem e do mal. Então, após a leitura do texto, pegamos 3 papeizinhos, num, escrito Direita, noutro, Esquerda e noutro, Brasil. Cada um pegou um papelzinho sem saber o que continha, colocou no bolso e entrou no campo
e se deixou levar pelos movimentos fenomenológicos.
Denominarei como B o representante do Brasil, D Direita e E esquerda.
Ao entrarem no campo, a D imediatamente colocou-se no meio, entre a E e o B, que estavam
frente a frente. Num segundo movimento, o Brasil foi para trás da direita apoiando suas costas
na dela. A Direita começou a olhar para o chão e a Esquerda tentava puxar o Brasil para perto
de si e tirá-lo de trás da Direita. Como o Brasil não se movesse, a Esquerda desequilibrou-se
um pouco e deu uns dois passos para trás. A Direita mostrou-se incomodada com aquela
situação. O Brasil afastou-se um pouco, olhou para a esquerda e voltou a encostar-se nas
costas da Direita que demonstrava inquietude, assim com a Esquerda. A Direita e a Esquerda
olham-se e o Brasil olha para o chão e logo em seguida cai, permanecendo deitado de bruços e
de olhos fechados. Direita e Esquerda olham para o Brasil com uma atitude de quem não sabe
muito bem o que fazer. A Esquerda, ora olha para o Brasil, ora olha para a Direita que
permanece com o seu olhar em direção ao Brasil. Volta e meia ela seca uma lágrima. Após
alguns instantes, ela recua dois passos para trás e, com isto, o Brasil começa a se erguer.
Engatinha e fica de frente para os dois que olham para ele.
Então, a Direita vira-se de lado e olha para o chão, cerra os punhos e oscila para frente e para
trás. O Brasil olha para ela e a Esquerda olha para o Brasil. Assim permanecem por um longo
tempo, até que o Brasil se levanta e tenta se aproximar da Direita quando é impedido pela
Esquerda. O Brasil empurra a Direita mais pra fora, recua e tenta se aproximar novamente,
mas a Esquerda não deixa, criando-se uma espécie de dança em que o Brasil tenta passar por
um lado e por outro tentando romper o cerco da Esquerda. Isto dura um bom tempo e,
enquanto isto, a Direita vai se aproximando por trás e se coloca de frente pra eles olhando pro
chão. A Esquerda solta um suspiro forte, olha pro chão, olha pro Brasil e, quando olha
novamente pra Direita, o Brasil aproveita o momento e passa por trás dela e aproxima-se da
Direita e olha pra ela bem de perto. A Direita demonstra estar angustiada, sofrendo e
dividindo o seu olhar entre a Esquerda e o Brasil. Então ela recua, se vira e fica ao lado do
Brasil, formando assim um alinhamento com o Brasil ao centro e a Direita a sua esquerda e a
Esquerda a sua direita. Todos olham pro chão, então a consteladora coloca três almofadas
simbolizando os mortos de cada um. Num primeiro momento, todos olham para o chão,
depois a Esquerda olha para o Brasil que, aos poucos, vai olhando pra ela enquanto a Direita
continua olhando para os mortos. A Esquerda se desequilibra e dá um passo para trás, abrindo
espaço para o Brasil contornar os mortos e parar do outro lado diante deles. Com este
movimento, a Direita também se ajoelha diante de um dos mortos e chora. A Esquerda recua
mais um pouco. Na sequência, o Brasil também se ajoelha em frente a um deles e olha para a
Esquerda. A Direita olha para a Esquerda e novamente fixa seu olhar no morto. A Esquerda
balança o corpo pra frente e pra trás de braços cruzados, num movimento que lembra
impaciência. O movimento vai num crescendo, enquanto o Brasil se deita sobre um dos
mortos e a Direita seca as lágrimas e continua olhando para os mortos. O Brasil, ainda deitado,
estendo o braço num movimento que abarca todos os mortos e fecha os olhos. A Esquerda
recua e estende os braços num movimento de reverência e o Brasil levanta aos poucos, passa
entre os dois olhando-os e depois vai se afastando até sair do campo.
Esquerda e Direita, agora sós, olham-se enquanto a Direita seca as lágrimas, vai se levantando
e coloca-se de frente para a Esquerda a uma certa distância. A Esquerda se abraça como se
buscasse um conforto e vai curvando o corpo fazendo uma espécie de reverência à Direita que
a observa com as mãos unidas na altura do baixo ventre. Depois, a Esquerda retorna à posição
original e a Direita baixa as mãos e ambos continuam a olharem-se.
Assim, ambos olham para o lugar onde está o representante do Brasil, que já não está mais
presente no campo e a Esquerda lhe estende a mão, chamando-o. Mas como ele não vai, ela
desiste. Então, Direita e Esquerda voltam a se olhar, a Esquerda dá dois passos para trás
enquanto a Direita novamente seca uma lágrima, até que a Esquerda vai se ajoelhando,
prostrando-se diante da Direita e dando um longo suspiro. A Direita observa parecendo estar
bem tocada pelo gesto, dando uma leve desequilibrada para trás. Depois de um tempo, a
Esquerda ergue a cabeça e ambos se olham novamente por um longo tempo até que a
Esquerda se levanta, sacode o corpo e recua enquanto a Direita lentamente vai se virando na
direção do Brasil e dirige seu olhar para algo distante.
Observações:
A representante do Brasil e da Esquerda todo tempo achavam que a Direita era o Brasil.
Brasil – Eu achava que era a Esquerda e me sentia uma criança e sentia a Esquerda como a
mãe.
Esquerda- Concorda e diz que sentia a Direita como um velho, muito velho.
Direita- Eu tinha a necessidade de estar junto dos mortos. Não conseguia arredar o pé dali.
Esquerda- Fiquei muito incomodada quando o Brasil ficou escorado na Direita. Fiquei muito
incomodada quando tu tentaste me puxar.
Brasil- Eu queria que tu viesses junto mas eu não queria te olhar. Eu tinha necessidade de ficar
escorada (na Direita) mas me era extremamente desagradável. Tudo teu me era desagradável:
a energia, a respiração… tudo…tudo… Mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia me separar.
Eu queria me livrar, mas era atraída por ti.
Esquerda- Naquele primeiro movimento, quando tu ficaste escorada (Brasil), a vontade que eu
tinha era de dar um passo atrás, recuar.
Brasil- Quando eu fiquei deitado, me senti um pouco mais relaxada mas, ao mesmo tempo, a
presença de vocês me dava muito medo. Eu sentia a presença de um grande perigo. Quando
eu abri os olhos, vi que vocês estavam mais longe, mas a minha percepção era de que vocês
estavam muito perto.
Esquerda- Quando tu tentaste te aproximar dele (Direita) eu sabia que tinha que impedir de
qualquer jeito.
Brasil- Na verdade, eu queria brincar com ele, porque ele (Direita) parecia uma estátua grega,
naquela posição que não ia nem pra frente nem pra trás. Queria correr com ele, brincar. Mas
como ela (Esquerda) não deixasse, eu queria brincar com ela e comecei a fazer o movimento
com ela. Foi quando ela se distraiu e tu vieste. Então eu me desconcertei, porque tu já estavas
aqui.
Esquerda- O momento em que eu me senti mais cômoda foi quando estávamos os três
alinhados diante dos mortos.
Direita- Eu também.
Brasil- Quando a Direita estava do meu lado esquerdo e a Esquerda do meu lado direito, me
deu uma sensação boa. Quando tu ajoelhaste (Direita) eu estendi a mão porque eu queria que
tu pegasses na minha mão.
Direita- É … Eu queria, mas não conseguia.
Esquerda- Ali foi muito estranho. Senti algo muito grande, muito além daquele espaço. Veio-
me um movimento totalmente involuntário de braços.
Brasil- Naquele momento eu consegui te olhar diferente e vi o teu tamanho. Ali eu tive
vontade de te reverenciar.
Depois que eu te reverenciei, eu saí, não estava mais. O Brasil se retirou. Tanto que houve um
momento em que tu estendeste o braço pra mim, mas eu já não estava mais ali.
Direita- No começo, me chamou muita atenção de andar contigo. Mas, quando tu foste pra lá,
eu não queria mais olhar.
Esquerda- Quando o Brasil se retirou, tu cresceste (Direita), ficaste forte e eu perdi toda a
força. Perdeu a sensação que eu tinha de velho, renovou-se. Aí eu precisei me curvar, perdi a
força e desmoronei. Mas depois eu levanto de novo e estabiliza.
Brasil- Então, teve um momento em que tu olhaste pra longe.
Direita- Eu olhava pra algo entre vocês.
Brasil- Eu estava fora, mas mesmo assim, naquele momento, me veio um sentimento de
respeito para o lugar pra onde tu olhavas. “Ele olha pra algo que nós não estamos vendo” foi o
pensamento que me veio.
Direita- Mas isso só foi possível em função do movimento, porque quando eu estava abaixado
e olhava pra ela, pensava: “Ela é imensa!” E tinha uma expressão dura. Mas quando ela
reverenciou, eu amoleci, vi que era frágil.
Brasil- Em nenhum momento eu pensei que eu fosse o Brasil. Então, isso, em relação ao Brasil,
está mostrando alguma coisa.
Direita- O Brasil não se reconhece.
(Todos acharam que a Direita era o Brasil).
A consteladora conclui convidando para fazer uma reverência a este nosso Brasil, a esta terra
por onde andamos, onde crescemos, onde nossos antepassados pisaram, plantaram,
colheram, cresceram, morreram e tornaram a nascer… Assim como nós também ocupamos o
nosso lugar nesta terra, ficamos o tempo que for preciso e novamente voltamos a ela.
Gratidão, Brasil, pela tua grandeza! Aos poucos eu encontro o meu lugar neste chão. Agora eu
olho pra Esquerda, e te agradeço por tudo, o ruim e o bom, o difícil e o fácil e te dou um bom
lugar no meu coração. Percebendo o efeito que isso causa dentro de mim. Agora eu vejo que
tu também fazes parte. Agora eu olho pra Direita e da mesma maneira agradeço por tudo, o
que doeu e o que trouxe paz e, aos poucos, eu te vejo e vejo o lugar que ocupas. Aos poucos
eu também te dou um bom lugar no meu coração. Respira e percebe o efeito que isso causa
dentro de ti.
Agora eu te entrego, Brasil, aquilo que indevidamente eu pensei que era meu e deixo que o
tempo e a vida siga seu curso e, aos poucos, eu encontro o meu lugar dentro disso tudo.
Todos, de alguma maneira, pagaram o preço para que eu pudesse estar aqui hoje.
Com o tempo, eu dou um lugar pra cada um de vocês no meu coração.
Respirando e sentindo o sol que nos ilumina, dia e noite, dia após dia, ano após ano, década
após década, milênio após milênio… Eu agradeço, grande luz, e me entrego a ti e, aos poucos,
eu concordo com tudo do jeito que é…
Setembro de 2018 Estudávamos os grandes movimentos da história num texto onde Hellinger fala do bem e do
mal.
Então, após a leitura do texto, pegamos 3 papeizinhos, num, escrito Direita, noutro, Esquerda
e noutro, Brasil.
Cada um pegou um papelzinho sem saber o que continha, colocou no bolso e entrou no campo
e se deixou levar pelos movimentos fenomenológicos.
Denominarei como B o representante do Brasil, D Direita e E esquerda.
Ao entrarem no campo, a D imediatamente colocou-se no meio, entre a E e o B, que estavam
frente a frente. Num segundo movimento, o Brasil foi para trás da direita apoiando suas costas
na dela. A Direita começou a olhar para o chão e a Esquerda tentava puxar o Brasil para perto
de si e tirá-lo de trás da Direita. Como o Brasil não se movesse, a Esquerda desequilibrou-se
um pouco e deu uns dois passos para trás. A Direita mostrou-se incomodada com aquela
situação. O Brasil afastou-se um pouco, olhou para a esquerda e voltou a encostar-se nas
costas da Direita que demonstrava inquietude, assim com a Esquerda. A Direita e a Esquerda
olham-se e o Brasil olha para o chão e logo em seguida cai, permanecendo deitado de bruços e
de olhos fechados. Direita e Esquerda olham para o Brasil com uma atitude de quem não sabe
muito bem o que fazer. A Esquerda, ora olha para o Brasil, ora olha para a Direita que
permanece com o seu olhar em direção ao Brasil. Volta e meia ela seca uma lágrima. Após
alguns instantes, ela recua dois passos para trás e, com isto, o Brasil começa a se erguer.
Engatinha e fica de frente para os dois que olham para ele.
Então, a Direita vira-se de lado e olha para o chão, cerra os punhos e oscila para frente e para
trás. O Brasil olha para ela e a Esquerda olha para o Brasil. Assim permanecem por um longo
tempo, até que o Brasil se levanta e tenta se aproximar da Direita quando é impedido pela
Esquerda. O Brasil empurra a Direita mais pra fora, recua e tenta se aproximar novamente,
mas a Esquerda não deixa, criando-se uma espécie de dança em que o Brasil tenta passar por
um lado e por outro tentando romper o cerco da Esquerda. Isto dura um bom tempo e,
enquanto isto, a Direita vai se aproximando por trás e se coloca de frente pra eles olhando pro
chão. A Esquerda solta um suspiro forte, olha pro chão, olha pro Brasil e, quando olha
novamente pra Direita, o Brasil aproveita o momento e passa por trás dela e aproxima-se da
Direita e olha pra ela bem de perto. A Direita demonstra estar angustiada, sofrendo e
dividindo o seu olhar entre a Esquerda e o Brasil. Então ela recua, se vira e fica ao lado do
Brasil, formando assim um alinhamento com o Brasil ao centro e a Direita a sua esquerda e a
Esquerda a sua direita. Todos olham pro chão, então a consteladora coloca três almofadas
simbolizando os mortos de cada um. Num primeiro momento, todos olham para o chão,
depois a Esquerda olha para o Brasil que, aos poucos, vai olhando pra ela enquanto a Direita
continua olhando para os mortos. A Esquerda se desequilibra e dá um passo para trás, abrindo
espaço para o Brasil contornar os mortos e parar do outro lado diante deles. Com este
movimento, a Direita também se ajoelha diante de um dos mortos e chora. A Esquerda recua
mais um pouco. Na sequência, o Brasil também se ajoelha em frente a um deles e olha para a
Esquerda. A Direita olha para a Esquerda e novamente fixa seu olhar no morto. A Esquerda
balança o corpo pra frente e pra trás de braços cruzados, num movimento que lembra
impaciência. O movimento vai num crescendo, enquanto o Brasil se deita sobre um dos
mortos e a Direita seca as lágrimas e continua olhando para os mortos. O Brasil, ainda deitado,
estendo o braço num movimento que abarca todos os mortos e fecha os olhos. A Esquerda
recua e estende os braços num movimento de reverência e o Brasil levanta aos poucos, passa
entre os dois olhando-os e depois vai se afastando até sair do campo.
Esquerda e Direita, agora sós, olham-se enquanto a Direita seca as lágrimas, vai se levantando
e coloca-se de frente para a Esquerda a uma certa distância. A Esquerda se abraça como se
buscasse um conforto e vai curvando o corpo fazendo uma espécie de reverência à Direita que
a observa com as mãos unidas na altura do baixo ventre. Depois, a Esquerda retorna à posição
original e a Direita baixa as mãos e ambos continuam a olharem-se.
Assim, ambos olham para o lugar onde está o representante do Brasil, que já não está mais
presente no campo e a Esquerda lhe estende a mão, chamando-o. Mas como ele não vai, ela
desiste. Então, Direita e Esquerda voltam a se olhar, a Esquerda dá dois passos para trás
enquanto a Direita novamente seca uma lágrima, até que a Esquerda vai se ajoelhando,
prostrando-se diante da Direita e dando um longo suspiro. A Direita observa parecendo estar
bem tocada pelo gesto, dando uma leve desequilibrada para trás. Depois de um tempo, a
Esquerda ergue a cabeça e ambos se olham novamente por um longo tempo até que a
Esquerda se levanta, sacode o corpo e recua enquanto a Direita lentamente vai se virando na
direção do Brasil e dirige seu olhar para algo distante.
Observações:
A representante do Brasil e da Esquerda todo tempo achavam que a Direita era o Brasil.
Brasil – Eu achava que era a Esquerda e me sentia uma criança e sentia a Esquerda como a
mãe.
Esquerda- Concorda e diz que sentia a Direita como um velho, muito velho.
Direita- Eu tinha a necessidade de estar junto dos mortos. Não conseguia arredar o pé dali.
Esquerda- Fiquei muito incomodada quando o Brasil ficou escorado na Direita. Fiquei muito
incomodada quando tu tentaste me puxar.
Brasil- Eu queria que tu viesses junto mas eu não queria te olhar. Eu tinha necessidade de ficar
escorada (na Direita) mas me era extremamente desagradável. Tudo teu me era desagradável:
a energia, a respiração… tudo…tudo… Mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia me separar.
Eu queria me livrar, mas era atraída por ti.
Esquerda- Naquele primeiro movimento, quando tu ficaste escorada (Brasil), a vontade que eu
tinha era de dar um passo atrás, recuar.
Brasil- Quando eu fiquei deitado, me senti um pouco mais relaxada mas, ao mesmo tempo, a
presença de vocês me dava muito medo. Eu sentia a presença de um grande perigo. Quando
eu abri os olhos, vi que vocês estavam mais longe, mas a minha percepção era de que vocês
estavam muito perto.
Esquerda- Quando tu tentaste te aproximar dele (Direita) eu sabia que tinha que impedir de
qualquer jeito.
Brasil- Na verdade, eu queria brincar com ele, porque ele (Direita) parecia uma estátua grega,
naquela posição que não ia nem pra frente nem pra trás. Queria correr com ele, brincar. Mas
como ela (Esquerda) não deixasse, eu queria brincar com ela e comecei a fazer o movimento
com ela. Foi quando ela se distraiu e tu vieste. Então eu me desconcertei, porque tu já estavas
aqui.
Esquerda- O momento em que eu me senti mais cômoda foi quando estávamos os três
alinhados diante dos mortos.
Direita- Eu também.
Brasil- Quando a Direita estava do meu lado esquerdo e a Esquerda do meu lado direito, me
deu uma sensação boa. Quando tu ajoelhaste (Direita) eu estendi a mão porque eu queria que
tu pegasses na minha mão.
Direita- É … Eu queria, mas não conseguia.
Esquerda- Ali foi muito estranho. Senti algo muito grande, muito além daquele espaço. Veio-
me um movimento totalmente involuntário de braços.
Brasil- Naquele momento eu consegui te olhar diferente e vi o teu tamanho. Ali eu tive
vontade de te reverenciar.
Depois que eu te reverenciei, eu saí, não estava mais. O Brasil se retirou. Tanto que houve um
momento em que tu estendeste o braço pra mim, mas eu já não estava mais ali.
Direita- No começo, me chamou muita atenção de andar contigo. Mas, quando tu foste pra lá,
eu não queria mais olhar.
Esquerda- Quando o Brasil se retirou, tu cresceste (Direita), ficaste forte e eu perdi toda a
força. Perdeu a sensação que eu tinha de velho, renovou-se. Aí eu precisei me curvar, perdi a
força e desmoronei. Mas depois eu levanto de novo e estabiliza.
Brasil- Então, teve um momento em que tu olhaste pra longe.
Direita- Eu olhava pra algo entre vocês.
Brasil- Eu estava fora, mas mesmo assim, naquele momento, me veio um sentimento de
respeito para o lugar pra onde tu olhavas. “Ele olha pra algo que nós não estamos vendo” foi o
pensamento que me veio.
Direita- Mas isso só foi possível em função do movimento, porque quando eu estava abaixado
e olhava pra ela, pensava: “Ela é imensa!” E tinha uma expressão dura. Mas quando ela
reverenciou, eu amoleci, vi que era frágil.
Brasil- Em nenhum momento eu pensei que eu fosse o Brasil. Então, isso, em relação ao Brasil,
está mostrando alguma coisa.
Direita- O Brasil não se reconhece.
(Todos acharam que a Direita era o Brasil).
A consteladora conclui convidando para fazer uma reverência a este nosso Brasil, a esta terra
por onde andamos, onde crescemos, onde nossos antepassados pisaram, plantaram,
colheram, cresceram, morreram e tornaram a nascer… Assim como nós também ocupamos o
nosso lugar nesta terra, ficamos o tempo que for preciso e novamente voltamos a ela.
Gratidão, Brasil, pela tua grandeza! Aos poucos eu encontro o meu lugar neste chão. Agora eu
olho pra Esquerda, e te agradeço por tudo, o ruim e o bom, o difícil e o fácil e te dou um bom
lugar no meu coração. Percebendo o efeito que isso causa dentro de mim. Agora eu vejo que
tu também fazes parte. Agora eu olho pra Direita e da mesma maneira agradeço por tudo, o
que doeu e o que trouxe paz e, aos poucos, eu te vejo e vejo o lugar que ocupas. Aos poucos
eu também te dou um bom lugar no meu coração. Respira e percebe o efeito que isso causa
dentro de ti.
Agora eu te entrego, Brasil, aquilo que indevidamente eu pensei que era meu e deixo que o
tempo e a vida siga seu curso e, aos poucos, eu encontro o meu lugar dentro disso tudo.
Todos, de alguma maneira, pagaram o preço para que eu pudesse estar aqui hoje.
Com o tempo, eu dou um lugar pra cada um de vocês no meu coração.
Respirando e sentindo o sol que nos ilumina, dia e noite, dia após dia, ano após ano, década
após decada, milênio após milênio… Eu agradeço, grande luz, e me entrego a ti e, aos poucos,
eu concordo com tudo do jeito que é…
Setembro de 2018