
Pediram-me que escrevesse algo a respeito desse delicado e precioso momento que estamos vivendo.
Mas o que eu poderia dizer, pensei, que já não tivesse sido dito ou pensado pelas mais brilhantes mentes deste nosso tão querido planeta.
Como vinha de uma imersão de 43 dias no hospital, acompanhando meu amado marido, companheiro de jornada, num delicado tratamento de saúde, precisei de um tempo até que assentassem pensamentos e sentimentos.
Assim, não me forcei, respeitei-me e me deixei ficar … cuidando do meu bem, acompanhando-o aos tratamentos diários que, mesmo em quarentena, precisam ser feitos para que os movimentos voltem de maneira mais efetiva às suas pernas.
Mas aconteceu que sábado, na hora do almoço, reunidos com os filhos à mesa, depois de fazer a oração, conforme é o nosso hábito às refeições, umas palavras do Nelson começaram a me inspirar. Ele disse aos nossos filhos: “Fico pensando no amor de Deus por nós e na grandeza deste amor, pois posso ter uma pequena base pelo amor que sentimos por vocês, que não é pouca coisa.”
Esta foi a chave para que começasse a refletir sobre o assunto e iniciasse a gestar este singelo texto.
Pus-me a me lembrar das coisas que meus filhos fazem que mais me trazem alegria e é, sem sombra de dúvida, quando eles estão fazendo algo de bom para eles mesmos, para o seu crescimento e quando se dão bem entre eles.
Às vezes ouço de alguns amigos queridos frases como “Tu és uma guerreira!”.
Eu mesma já falei isto para algumas amigas e amigos.
Sim, acho que, numa certa medida, todos somos, para dar conta das lutas diárias. Mas, na maioria das vezes, não sinto isto como um fardo, mas sim como fazendo parte da vida e, quando coloco amor no que faço, percebo que as coisas fluem de uma maneira espontânea, e boa, vivendo um momento de cada vez, como diz a Vó Genoveva.
Porém, quando meus filhos brigam entre si, se desentendem, disputam espaço no meu coração e no do pai deles, feriando-se uns aos outros e a si próprios com palavras e sentimentos, é como se meus ombros pesassem toneladas e me invade uma tristeza fininha e cortante, com se rasgasse as fibras do meu coração. Por alguns instantes, sinto-me desanimada, como se todo o esforço não valesse a pena. Por exemplo, quando fico algum tempo na cozinha preparando uma alimentação que tive o cuidado de comprar em lugares que sei que vendem coisas saudáveis e limpas, colocando amor e carinho nestes atos e recebo como paga palavras grosseiras entre eles, porque um pegou um pedaço maior do que o outro de comida.
Mas, ao longo destes anos de caminhada e busca espiritual, sinto-me agraciada com a suave presença de Deus na minha vida que, como uma brisa que sopra de leve, vem trazendo esperança ao meu coração, soprando no meu ouvido que isto faz parte da vida em família, lembrando-me da bênção que é ter uma família e me inspirando a sintonizar-me novamente com o meu lugar de mãe e com a força que dele advém. Assim, a calma volta e traz com ela a gratidão de estar viva e com saúde para fazer a minha parte.